Clonazepam


Faz parte da família dos benzodiazepínicos, ansiolíticos classificados entre as drogas estigmatizadas pela evidente tarja preta, como certa vez lembrou um amigo para fazer referência ao fármaco com uma singela canção: "Boi, boi, boi... Boi da tarja preta...".

Não é despropositado tal estigma, a substância causa rápida dependência quando abusada e administrada sem a devida parcimônia das dosagens.

Com essa muleta farmacológica as ações se dão com mais morosidade, a percepção das coisas e os sentidos se conformam em uma delicada serenidade forjada quimicamente.

Ao sabor desse relaxamento perceptivo, vem o embalo de um sono vazio de personagens e de elucubrações, de sonhos que nunca mais serão lembrados.

2 comentários:

Guilherme Castro disse...

O mais interessante é notar que, quando de posse de faculdades mentais refesteladas em uma sobriedade química, as tradicionais fronteiras entre o químico, o físico, o biológico e o psicológico se esvaem com uma propriedade digna de um paradigma. Só então nos damos conta de que uma compreensão mais holística dos acontecimentos é que torna possível algum tipo de entendimento sobre nossa jornada vital.

Ricardo Laf disse...

Caro Guilherme, só por agora, depois de muito tempo (alguns anos), li seu comentário. Chamou-me a atenção especialmente o trecho "... as tradicionais fronteiras entre o químico, o físico, o biológico e o psicológico se esvaem...".